DICAS DE LEITURA

DICAS DE LEITURA

LIVROS QUE MERECEM UM LUGAR ESPECIAL NA SUA ESTANTE

 

Dentre tantas dicas por aqui no Manolita Journal, não poderíamos deixar de incluir dicas de leitura, incentivando um hábito mentalmente saudável, enriquecedor além de promover a literatura como um todo. E para dar um Viva a leitura separamos 4 títulos que consideramos imperdíveis.

 

Itamar Vieira Júnior

 

Itamar nascido em Salvador (BA) em 1979, é geografo e doutorado em estudos étnicos e africanos pela UFBA. Vencedor dos prêmios Jabuti, Leya e Oceanos, teve seu romance Torto Arado um dos maiores sucessos da literatura brasileira da última década, sendo traduzido em mais de 20 países, além de publicar Doramar ou A Odisseia: Histórias.

 

Torto Arado

 

 

Ganhador do prêmio Jabuti de Melhor Romance de 2020, Torto Arado fala sobre a história de duas irmãs Bibiana e Belonísia, elas ficam ainda mais próximas após um acidente que mutila a língua de uma delas, tornando-se assim uma a voz da outa.

Esse acontecimento é muito importante durante todo o decorrer da história. Mostrando que quem vive junto com as meninas é a avó delas chamada Donana que está sempre com sua mala pronta para deixar a fazenda Água Negra e voltar à sua terra de origem. A curiosidade que elas possuem por saber o que tem na mala é um dos pontos centrais do livro. Nessa mala elas irão encontrar uma faca envolta em um pano ensanguentado a ao brincar com o objeto acabam se mutilando.

Elas crescem num contexto de trabalhadores descendentes de escravos em uma fazenda no Sertão da Bahia que continuam vivendo em um regime próximo à servidão entre as décadas de 70 e 80 no Brasil

A narrativa se desenvolve em uma rica tradição cultural do sertão brasileiro, onde se misturam crenças, lendas, religião, trabalho análogo à escravidão, seca, sofrimento, violência, gratidão, ancestralidade e, principalmente, um amor pela terra. O livro é dividido em três partes, sendo cada uma delas narrado por uma personagem feminina, demonstrando um forte protagonismo feminino construído em torno de mulheres fortes. Assim conseguimos acompanhar o crescimento das irmãs, as transformações da vida do campo e os saberes que nascem da terra.

 Um livro imperdível para conhecermos um pouco do sertão brasileiro, uma experiência rica em vivências particulares de uma tradição genuinamente brasileira.

 

Príncipe Harry

 

 

Neto da rainha Elizabeth II, príncipe Harry é o quarto na linha de sucessão ao trono britânico, vindo atrás de seu pai, príncipe Charles, de seu irmão mais velho, príncipe William, e do seu sobrinho, George Alexander Louis, filho de seu irmão com a duquesa Kate Middleton.

Harry é o caçula de dois filhos de príncipe Charles com a princesa Diana.

 

Autobiografia do príncipe Harry, o que sobra.

O título original da autobiografia do príncipe Harry, Spare, ganhou em português o título de O que Sobra. A melhor tradução para isso seria “estepe” ou na linguagem da aristocracia real, Spare é o filho que só serve em caso de alguma tragédia acontecer ao primogênito, o herdeiro da Coroa. Ser lembrado constantemente de que é o filho “reserva” é uma mágoa que Harry arrasta ao longo de toda a obra. Ele lembra com pesar, principalmente, da história que a mãe contava sobre o dia do seu nascimento.

O livro de tem como alvo o irmão, o futuro rei William, e sua mulher, Kate Middleton, a princesa de Gales, título, aliás, que já pertenceu à mãe de Harry, Diana. Trechos obtidos pela imprensa britânica revelam que a disputa entre os filhos de Charles foi além da discussão verbal: William chegou a agredir Harry durante uma discussão sobre Meghan.

O livro relata alguns episódios significativos sobre a relação com William e Kate.  Culpando-os por seu maior escândalo, quando usou um uniforme nazista em uma festa à fantasia. Harry também desabafa sobre a mãe e conta que dirigiu um carro em alta velocidade pelo mesmo túnel onde Diana sofreu seu acidente fatal, para saber o que ela sentiu.

 

Grande parte do livro é dedicada ao seu relacionamento com a mulher. Harry e Meghan se conheceram em 2016 e se casaram em 2018. Como duque e duquesa de Sussex, começaram a vida como membros da realeza, mas, logo se separaram da família e renunciaram aos seus títulos, mudando para a Califórnia, nos EUA, e criando uma produtora de conteúdo, na qual fez o projeto deste livro. Em uma entrevista para divulgá-lo, declarou que desejava ser “parte de uma família, não de uma instituição”, e que “queria o pai e o irmão de volta”.

 

Carla Madeira

 

 

Carla Madeira nasceu em 1964 em Belo Horizonte.  Graduada em jornalismo e publicidade na mesma instituição, onde também foi professora de redação publicitária. Tem pós-graduação em marketing. É sócia e diretora de criação da agência de comunicação Lápis Raro.

Sua primeira obra publicada foi o romance Tudo é Rio lançado em 2014 e é resultado de um texto iniciado quatorze anos antes. Foi a segunda escritora mais lida do Brasil em 2021, atrás de Itamar Vieira Júnior

 

Tudo é rio

 

 

A história se desenvolve a partir do casal Dalva e Venâncio, que sofrem uma grande perda. Dalva tenta reconciliar sua realidade, ainda desestabilizada, mas enfrenta sérios problemas em conseguir isso por conta do ciúme possessivo de seu marido, Venâncio, que costuma traí-la sempre que possível no prostíbulo da cidade.

Nesse mesmo prostibulo nós conhecemos Lucy, a terceira personagem que completa o trio protagonista dessa história. Considerada a prostituta mais desejada, Lucy tem tudo o que quer, e gosta do prazer que sua profissão lhe propõe.

O jogo se inicia quando Venâncio rejeita a Lucy, gerando assim sua indignação por ser ignorada, onde ela vai querer fazer de tudo para ter ele.

Um triângulo amoroso de proporções perigosas vai se criando conforme o decorrer dessa história de três figuras complexas.

Tudo é rio se desenvolve como um mar bravo e um rio sereno ao mesmo tempo, tanto nas camadas dos personagens como no cenário da pequena cidade.

 

Hermann Hesse

 

 

Hermann Hesse nasceu em 1877, em Calw na Alemanha, filho de missionários protestantes. Em 1891 seus pais o enviaram ao Mosteiro de Maulbronn, de onde ele fugiria meses depois por não suportar a educação cristã.


Hesse trabalha, então, como livreiro. Dedica-se à poesia e publica poemas. Dois anos depois, o romance "Peter Camenzind" história de um jovem que se rebela contra sua aldeia natal e foge, tem grande aceitação de crítica e público.

A busca pela própria identidade e o difícil processo de realização pessoal foram temas que Hesse tratou anos mais tarde em seus romances. Suas histórias são cheias de referências a suas experiências pessoais, autoanálise e confissões poéticas.

 

Sidarta

 

 

O romance começa com uma breve retrospectiva da história familiar do brâmane de Sidarta, sua educação, sua inocência e a tranquilidade de sua infância.  Simultaneamente, observamos o brâmane ortodoxo, pai de Sidarta, que, com seu filho, realiza o “rito de ablução sagrada e dos sacrifícios rituais” no rio. Govinda, amigo de Sidarta, filho de brâmane, são tão próximos intelectualmente e fraternalmente que parecem ser quase um.

Sidarta recebe todo o amor de sua família, mas algo está errado. Ele se sente miserável por dentro. Ele vive para agradar o seu pai e aqueles ao seu redor em vez de a si mesmo. Ele está preocupado com o fato de ninguém, nem os professores mais sábios, nem seu pai, nem as canções sagradas conseguirem leva-lo à descoberta do Eu.

Sidarta tem como objetivo erradicar o ego. E continua durante a sua busca aprendendo muitas coisas novas. Mas ele chega à conclusão de que quanto mais você tenta perder o Eu, mais voltamos a ele. Começa a se questionar se ele não está andando em círculos e se enganando em encontrar “o essencial, o Caminho dos Caminhos”. Chegando à conclusão de que não existe aprendizado, apenas conhecimento.

Inicialmente Sidarta se identifica com Gotama e, juntamente com Govinda seguem o mestre. Nesse ponto há uma dúvida por parte de Sidarta. Ele percebe uma contradição nos ensinamentos de Gotama:  Sidarta exalta a doutrina de Gotama (Buda) de compreender o mundo como uma cadeia completa, ininterrupta e eterna de causa e efeito.

Embarca em uma vida livre da meditação e das buscas espirituais que vem perseguindo e, em vez disso, busca aprender com os prazeres do corpo e do mundo material. Em suas andanças acaba conhecendo um barqueiro amigável, que vive feliz sua vida simples. Sidarta cruza o rio do barqueiro e chega a uma cidade

Sidarta encontra o mesmo barqueiro que conheceu anos antes. O barqueiro, que se apresenta como Vasudeva, irradia uma paz interior que Sidarta queria alcançar. Sidarta expressa o desejo de conhecer o rio e começa a obter dele uma iluminação espiritual diferente de qualquer outra que ele já conheceu. Enquanto ele está sentado à beira do rio, ele contempla a unidade de toda a vida, e na voz do rio ele ouve a palavra “Om”.

Sidarta estuda o rio por anos, e Vasudeva ensina Sidarta como aprender os muitos segredos que o rio tem para contar. E ao contemplar o rio, Sidarta tem uma revelação: assim como a água do rio flui para o oceano e é devolvida pela chuva, todas as formas de vida estão interconectadas em um ciclo sem começo ou fim. Nascimento e morte fazem parte de uma unidade atemporal. Vida e morte, alegria e tristeza, bem e mal são todas partes do todo e são necessárias para compreender o significado da vida.

O romance termina com o reencontro com Govinda. E Sidarta chega à conclusão de que ninguém pode ensinar a sabedoria porque as explicações verbais são limitadas e nunca podem comunicar a iluminação completa.