O que faz nos sentirmos bem ou mal num espaço? O que nos leva aquela sensação de felicidade, relaxamento e descoberta? Ou de ansiedade, tensão, mal estar? Muitas vezes o indivíduo pode não perceber a influência que o entorno possui em seu humor, em suas decisões e até mesmo em seus costumes. Como constatou Ilse Crawford, passamos 80% das nossas vidas dentro de edifícios. Como isto nos afeta emocionalmente?
O design de interiores desempenha um papel fundamental na criação de atmosferas que influenciam diretamente nosso humor, comportamento e modo de vida. Ao manipular elementos como luz, cor, textura, forma e disposição de móveis, a arquitetura têm o poder de transformar espaços interiores em ambientes que evocam uma ampla gama de emoções e experiências. De forma sútil, boas atmosferas nos conduzem a uma melhor visão do nosso contexto, tornando nossa vida mais simples, agradável e prazerosa.
Algumas pessoas consideram isso tudo supérfluo, até vivenciarem a experiência de um ambiente bem elaborado e perceberem o impacto que gera no desempenho de suas vidas. A ergonomia da sua cadeira de trabalho te faz ser mais produtivo ou ter dor nas costas? A distancia entre as pessoas na sua mesa de jantar promove ou distancia o dialogo? O toque do seu sofá para assistir Tv ou ler um livro, te faz permanecer ali por mais ou menos tempo? A quantidade de luz no seu quarto faz você dormir melhor ou pior? Um bom design aliado à beleza é a chave de tudo isso. No ano de 2020 o mundo sofreu com a pandemia do COVID-19. Fomos obrigados a nos manter dentro. Com isso, vivenciamos os espaços e percebemos como os mesmos interferem em nosso psicológico, em nossa saúde mental.
Se você é privilegiado por habitar um lar, faça dele uma atmosfera. Atmosfera que te impulsione aos bons costumes, a seguir uma rotina que por muitas vezes você não irá notar, a ser grato pelo cotidiano. Ao contrário do que muitos pensam, isso não está ligado a grandes marcas do design ou a quanto você investe. Está relacionado a como você vê o mundo. Ao tempo em que você habita, ao que você valora. A quem você é.
Hoje vivemos escolhas em massa, as tendências propagadas pela tecnologia ditam nossa personalidade, nossos desejos e intuições. Não podemos esquecer do nosso poder como indivíduos, devemos ser fieis a quem somos. Sejamos capazes de acessar nosso núcleo mais profundo e nos manter firmes as nossas decisões, ainda que o mundo esteja te dizendo o contrário. Elegância é autenticidade. Mas para ser autêntico precisamos primeiramente nos entender como indivíduos e entender as ferramentas que estão em nossas mãos para explorar este vasto universo. Como arquitetos nossa missão é despertar a originalidade, é fazer o indivíduo prosperar para quem sabe obter impacto na sociedade.
Santé! Grapa - Gabriella Decottignies e Fernando Pinheiro Guimarães